terça-feira, 23 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO

Noemia Vieira dos Santos

Educação no sistema prisional, processo inclusivo que vem proporcionar acessibilidade educacional a uma extensão da sociedade que se encontra excluída do convívio social comum.

 O Estado de Goiás, através da Secretaria de Estado da Educação e da Coordenação a Distância, desenvolve o Projeto Educando para a liberdade em vários municípios. Algumas dificuldades ainda são encontradas como infra-estrutura dos presídios, falta de segurança para a realização do processo educacional em alguns deles, além de outras.
Lembrando sempre que a educação é um direito de todos, dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade responsável pelo cumprimento da legislação é que a Secretaria Estadual da Educação juntamente com a superintendência do Sistema Penal implantou no Presídio de Sarandi, em Itumbiara, o Projeto Educando para a Liberdade. O mesmo conta com o apoio de vários segmentos da sociedade inclusive da Secretaria Municipal de Educação que se responsabiliza pelo transporte de professores no período matutino.
O Presídio de Sarandi conta hoje com 260 reeducandos e a oportunidade de estudo é para todos. Desse total, 88 estão regularmente matriculados e estudando na modalidade Educação Jovem e Adulta cursando Alfabetização, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A legalidade, o acompanhamento pedagógico e administrativo do funcionamento das aulas no presídio é da equipe gestora do Colégio Estadual Adoniro Martins de Andrade sob a responsabilidade da Subsecretaria Regional de Educação com apoio efetivo do Diretor do Presídio Alexandre Fidelis.
O referido presídio é o único do Estado de Goiás com toda a estrutura física necessária ao funcionamento das aulas, pois conta com salas de aula, espaço para biblioteca, laboratório de informática e dependências administrativas, garantindo assim, para os alunos e professores segurança para desenvolver o processo ensino-aprendizagem.
A rotina do presídio mudou desde o início das aulas em fevereiro de 2010. Os reeducandos apresentaram melhoria no comportamento e auto-estima elevada conforme relatado por um deles : “ Diminuiu a nossa ociosidade; não tínhamos o que comentar com os colegas e familiares, agora falamos do que aprendemos, do que lemos do que caiu nas provas e até já trocamos alguns conhecimentos.” O Diretor do presídio , Alexandre Fidelis, percebeu a diferença no comportamento do reeducando na Unidade: “ Estão mais calmos e a relação entre eles melhorou bastante”. Já os professores afirmam que o interesse e a participação dos alunos pelas as aulas são bem maiores do que os alunos do ensino regular. São comportados e não gostam de faltar durante as aulas. O  depoimento de Agente Prisional também comprovou a importância das aulas naquele local quando afirma: “Mudei a minha concepção com relação às aulas, achava que não ia dar certo, quando percebi  que o estudo provocou  uma grande mudança no comportamento e nas atitudes dos detentos. Estão mais educados uns com os outros, mais compreensivos com sua situação, aí eu senti que era necessário mudar também com eles. Está sendo muito bom ter aulas para os presidiários”. A gestora Keila Dias percebeu, no Conselho de Classe do 1º bimestre, a interação dos professores junto aos reeducandos, afirmando que pedagogicamente, os avanços no processo ensino-aprendizagem foram considerados satisfatórios.
Precisamos acreditar então que a educação em presídios é capaz de dar ao individuo a possibilidade de aprender, ao mesmo tempo, entender o que será melhor para o seu futuro, pois o ensino baseado no ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação, na solução dos problemas dos detentos pode ser capaz de educar e recuperar o infrator, retirando-o do mundo do crime, reintegrando-o ao convívio social melhor preparado para o exercício da cidadania e, talvez, com uma qualificação para o trabalho, como é pontuado na Constituição Cidadã. Isso cada um de nós sabemos, bastando que nos tornemos colaboradores desse direito, ajudando, incentivando e transformando o intelecto-moral do reeducando dentro da prisão, buscando assim uma sociedade mais justa e igualitária.  




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